quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Entrevista com Patrono da 32ª Feira Municipal do Livro

   Entrevistamos o Patrono da 32ª Feira do Livro de São Lourenço do Sul, Edilberto Luz Hammes que relatou um pouco da sua relação com a literatura, falou sobre sua obra literaria "Radiografia de um Município", e da sensação de ser o patrono da Feira Municipal do Livro. Confira:

1) Quando foi o seu primeiro contato com a literatura?

Naturalmente, tudo começou quando aprendi a ler e a escrever na Escola São Francisco de Assis, em Pelotas, um fantástico colégio de freiras que praticava todo o rigor exigido no ensino daquela época, no ano de 1949, quando eu tinha 6 anos de idade. Mas o primeiro contato com um livro não escolar, que me interessou de fato, aconteceu no dia em que completava meus exatos dez anos de vida, em 19 de agosto de 1952, quando recebi de minha pequena família (meus pais e o irmão mais velho) a maravilhosa história "Nas terras do Rei Café", de autoria de Francisco Marins e editado pelas Edições Melhoramentos.que contava uma aventura infanto-juvenil num sítio que nunca mais esqueci o nome: "Taquara-Póca". Exatos cinco anos depois, quando completava 15 anos, recebi de um amigo de infância um romance, próprio para adolescentes, "A Viagem de Walter Klinger" escrito por um sacerdote jesuíta de nome Franz Weiser que me fez tomar gosto por (futuras, já que a situação financeira de nossa família não permitia) viagens ao redor do mundo. Ainda guardo esses dois livros, com grande satisfação e alegria.

2) Quais as suas expectativas para a 32ª Feira Municipal do Livro?

Torço para que tudo dê certo e que muita gente compareça. A Feira do Livro é a oportunidade que se têm de comprar, com desconto, livros dentro do tema que nos interessa. É uma pena que os livros, normalmente, sejam tão caros. O papel, normalmente importado, a editoria, a impressão, enfim, torna o livro caro. Mas vejo que tanta gente gasta com outras coisas supérfluas, sempre, e durante todo o ano... Acho que os pais, em vez de dar brinquedos para os filhos, deveriam dar-lhes livros, estimulando-os assim a ler e, principalmente, a conhecer cada vez mais. O conhecimento das coisas do mundo é cultura. E uma pessoa culta tem muito mais facilidade de vencer na vida, conseguindo os melhores empregos, melhores salários e profissões dignas. E tudo começa com a leitura de livros na infância e na juventude! O conhecimento da cultura geral facilita sempre a ascenção pessoal. Portanto, convoco a população lourenciana a comparecer à nossa Feira do Livro. Nela existe opção para todos os gostos e para todos os bolsos...

3) Qual é a sensação de ser mais uma vez homenageado, agora como patrono da Feira do Livro?

As homenagens, sempre, são sinais de reconhecimento. Se existem homenagens, é sinal de que o escolhido fez alguma coisa e foi reconhecido por isso. O fato de ficar recluso durante praticamente dezessete anos (quinze para pesquisar, escrever e formatar e mais dois na expectativa de ver publicado) dedicado a uma obra que objetivava resgatar várias facetas históricas que poderiam ser esquecidas no futuro se não fossem escritas na nossa geração, foi o motivo, creio, de ter sido escolhido o Patrono deste ano. O que, aliás, muito me orgulha e me deixa feliz, especialmente por ter sido reconhecido um trabalho literário genuinamente lourenciano.

4) Qual a importância da Leitura para você?

Eu me acostumei de tal forma com a leitura que não consigo dormir à noite se não ler alguma coisa. E, se tiver qualquer horinha vaga durante o dia, estou sempre procurando alguma coisa para ler. Um dos maiores estímulos para isso recebi do dr. Moacyr Victorino Jardim, magnífico professor da cadeira de Anatomia, na Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Pelotas, quando, em aula, no ano de 1964 ele disse: "leiam, leiam sempre; lendo, vocês estarão sempre aprendendo; leiam mesmo quando forem ao banheiro...". Nunca mais esqueci o que ele falou e continuo praticando aquele ensinamento até hoje...

5) O que o Senhor acha que deve ser feito para atrair novamente os jovens ao prazer da leitura?

Sabem? Eu fui muito pobre quando criança e jovem. Hoje, não posso dizer que estou rico (embora me considere milionário espiritualmente) mas vivo com conforto. Sabem porque? Segui os conselhos de meus saudosos e queridos pais que sempre me orientaram no sentido de estudar e que não fosse como eles, pobres. Isso era o sonho deles e foi o que aconteceu. Os livros, o estudo, o conhecimento de tudo o que nos rodeia, me conduziram a uma vida melhor. Portanto, o que posso aconselhar aos jovens? Gostaria que todos, todos mesmos, principalmente os pobres, lessem, estudassem, manuseassem livros, que são os nossos grandes mestres. Eles os ajudarão a vencer obstáculos e ter uma vida melhor!

6) O que inspirou você a escrever o livro Radiografia de um Município – Das origens ao ano 2000?

Foi uma soma simples: a falta de livros à venda que falassem sobre o meu município natal, mais o material que eu havia acumulado sobre ele. Outro fator, também, que pesou muito, foi o tempo, que passa rápido demais! As gerações sucedem-se de uma maneira inacreditável. Pensei então: se nada fosse escrito agora, muito de nossa história poderia ser perdida, pois nossos pais e avós estão nos deixando e com eles seus documentos, e já estamos ficando sem fontes. Portanto, a obra que escrevi foi uma consequência disso...

7) E qual foi a maior dificuldade em que você se deparou ao elaborar o livro?

Várias foram as dificuldades. Mas as principais aí vão. A dificuldade em se descobrir documentos; as pessoas sabiam que eu estava escrevendo um livro e não tinham interesse em se manifestar dizendo que possuiam tal documento; incrível, os que os possuem têm medo de os ceder, preferindo que eles fiquem em alguma gaveta para as gerações futuras, que não terão neles interesse e os porão fora, com certeza! O pior de tudo é que, depois de publicado, vários vieram falar comigo dizendo que isto ou aquilo não coincidia com os documentos que eles têm. Uma pena, não? Sobre fotografias, a mesma coisa... Quantos perderam fotos (e documentos) preciosíssimos sobre nossa história nessa lamentável enxurrada que tivemos em março passado. Fico pensando: se os tivessem cedido, estariam perpetuados em nossa história, e o nome dos que cederam, também... E a segunda grande dificuldade foi a de se conseguir verba para publicar uma extensa obra como a que escrevi. Foram dois anos de lutas... E que lutas!!!

8) Deixe uma mensagem convite para a 32ª Feira do Livro a comunidade Lourenciana.

Gostaria que uma multidão de lourencianos comparecesse à Feira do Livro, nem que fosse só para tomar contato com os livros. Conheço pessoas que não sabem o que é uma feira de livros! Que nunca se fizeram presentes a qualquer uma das trinta e uma edições anteriores... Incrível, mas isso é real! Em compensação existem os que sempre as prestigiam. Gostaria, então, de convidar a todos os lourencianos (e visitantes, porque não?) para ir à nossa praça central e tomar contato com os livros. E, dentro do possível, escolham com calma e comprem. Como disse antes, há livros para todos os gostos e para todos os bolsos. Sem esquecer que os livros trazem conhecimento e cultura, as bases para melhorar a vida de cada um de nós! Olhem, organizar uma Feira do Livro não é fácil. Vamos prestigiar os seus mentores, os livreiros, os autores. Todos merecem o carinho e a presença do nosso querido povo lourenciano. Muito obrigado, um grande abraço e até os dias 2 a 6 de novembro próximo. Encontrar-nos-emos na 32ª Feira do Livro.

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